LUTA E RESISTÊNCIA INDÍGENA NO ALTO RIO NEGRO: UMA ABORDAGEM NA PERSPECTIVA DA NOVA HISTÓRIA INDÍGENA

João da Silva Lopes

Resumo


Procuramos neste artigo, seguindo o enfoque da Nova Historiografia Indígena que vem se consolidando nos últimos anos, discutir algumas formas de resistências praticadas por povos indígenas no Alto Rio Negro em situação de contato no início do século XX, como forma de garantir sua sobrevivência e a ampliação de espaço de manobra em situação de dominação. Trabalhamos a partir de importantes informações fornecidas por Dom Frederico Costa, segundo bispo de Manaus, que depois de cinco meses de viagem do Alto Rio Negro escreveu a Carta Pastoral a seus Amados Diocesanos, em 1908. Abandonamos o enfoque tradicional que ora apresenta o indígena como herói, ora como vilão; tentamos desconstruir a ideia de que os povos indígenas em geral e em particular os do Alto Rio Negro em suas relações com os não índios demonstraram ser ingênuos, semi-incapazes ou que simplesmente aceitaram passivamente as políticas indigenistas que procuram ora integrá-los à sociedade tradicional eliminando sua identidade étnica. Ao mesmo tempo reforçamos a ideia de que esses povos são constituídos por sujeitos históricos que pensaram e desenvolveram estratégias de luta e resistência, que não podem ser vistas como mera reação a estímulos externos, mas como práticas políticas carregadas de intencionalidades desenvolvidas para garantir sua sobrevivência ou garantir-lhe um espaço próprio de ação independente mesmo em um espaço dominado pelo branco. Entre essas práticas encontram-se a apropriação e ressignificação cultural e a reformulação da própria cultura.

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